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45 anos e só

Quando os sonhos adormecem, desvanece a esperança e resiste a realidade inexorável.

Pela carência de vínculo e confiança, Maria Eduarda se absteve de exteriorizar sentimentos e pensamentos. Fincou raízes no passado, rejeitou o presente e não se preparou para o futuro.

O aprendizado, dilatado num primeiro momento, foi considerado doloroso e árduo, no entanto deparou-se com a sua individualidade, adquirindo ao longo dos anos a almejada estabilidade psíquica e emocional.

 

Aos 45 anos faço uma reflexão do rumo que minha vida tomou e me trouxe até este momento. As escolhas equivocadas, a rigidez comigo mesma e a desconfiança sobre os sentimentos nos relacionamentos, mais especificamente em um de enorme importância, me fizeram ser quem eu sou.

Os laços que não criei na minha infância-adolescência me seguiram na fase adulta. Essa falta de apego me parecia bem interessante na época, mas desconhecia que me traria sérias e profundas implicações.

Preservei-me para não sofrer, abandonei para não sentir e sorri para me iludir.

Sem razão de culpar alguém pela minha insegurança feri o próprio coração. Pelo medo da entrega não me expus. Uma relação não se constrói com apenas uma parte envolvida, desejando que dê certo, hoje tenho ciência disso.

Os receios não foram compartilhados e a inexistência de diálogo criou um vácuo de incertezas. A falta de transparência me fez sofrer. Sou o resultado de minhas ações e pensamentos. Nos dias atuais, ainda tenho dificuldades de me perdoar e esquecer algumas situações sofridas.

Sorri disfarçando receios, brinquei escondendo temores. O pavor de me decepcionar ainda me acompanha por vezes, impedindo de viver.

Peço que não julguem. Assim como alguns escolheriam o voo através dos sonhos, eu me ancorei na crença da realidade, era mais fácil acreditar na impossibilidade, não estava pronta para amar e presumia não merecer ser amada.

Segue a minha história.